Em meio a mudanças nas dinâmicas do comércio global e às discussões sobre a política tarifária dos Estados Unidos, a União Europeia tem intensificado os esforços para estreitar laços comerciais com o Brasil e os demais países do Mercosul. Um exemplo dessa aproximação é a confirmação da vinda ao Brasil, em outubro deste ano, do comissário europeu da Agricultura e Alimentação, Christophe Hansen para, segundo ele, uma missão de diplomacia agroalimentar de alto nível.

O anúncio foi feito pelo próprio Hansen. Enquanto visitava uma feira agropecuária em Portugal, ele utilizou sua rede social para fazer o comunicado. “Enquanto estou aqui em Portugal, tenho o prazer de anunciar que a minha próxima missão de diplomacia agroalimentar de alto nível será ao Brasil, em outubro. Vamos trabalhar juntos para abrir oportunidades para os nossos excelentes produtos”, escreveu o comissário. 

Para complementar a mensagem, o comissário utilizou um vídeo com um trecho de seu discurso, dizendo: “O Brasil é um mercado enorme e eu acredito que, especialmente para os produtores agroalimentares portugueses — com quem vocês compartilham o mesmo idioma—, é muito importante abrir e utilizar essas missões diplomáticas para explorar nossos novos mercados.”

O anúncio da missão ocorre em meio à tentativa de avanço para a finalização do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, finalizado no último ano, que ainda precisa do aval dos parlamentos de cada país membro dos blocos econômicos. Na última semana, em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o presidente francês, Emmanuel Macron, “abrisse o seu coração” para fechar o acordo. 

Atualmente, a França lidera uma frente contrária ao acordo, utilizando críticas ambientais quanto à produção agropecuária dos países do Mercosul, em especial do Brasil. Ainda na última semana, Macron chegou a afirmar que o acordo comporta um risco para os agricultores europeus e que os países do Mercosul não estão no mesmo nível de regulamentação que a imposta na Europa.

Apesar da ofensiva para postergar a aprovação final, segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a expectativa é finalizar o acordo Mercosul-UE até março de 2026.