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Sangue artificial é testado pela primeira vez em humanos

20/06/20254 Mins Read
Sangue artificial é testado pela primeira vez em humanos
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SAMUEL FERNANDES
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – O NHS (Serviço Nacional de Saúde), espécie de SUS do Reino Unido, testa pela primeira vez em humanos um sangue artificial produzido em laboratório. A ideia é que a tecnologia possa diminuir a dependência por doação de sangue no futuro, especialmente em casos de pessoas com sangue raro ou que necessitam de transfusões constantemente.

O sangue testado em humanos por pesquisadores ligados ao NHS é desenvolvido a partir de células-tronco. No corpo humano, células-tronco passam por diferentes processos físicos e químicos na medula óssea. É por meio desses processos que essas células produzem hemácias, ou os glóbulos vermelhos.

Os cientistas investigaram esse complexo mecanismo de sinais enviados às células-tronco. O objetivo era simular, mesmo que parcialmente, esses estímulos em laboratório, algo que foi alcançado. Uma solução nutritiva foi desenvolvida para esse fim.
É nessa solução que células tronco hematopoéticas foram colocadas. Mateus Vidigal, pesquisador do Genoma USP (Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco) e sem relação com a pesquisa britânica, afirma que essas células-tronco “são células encontradas no sangue e que, naturalmente, dão origem às células sanguíneas”.

De 18 a 21 dias, a solução nutritiva estimula as células a se multiplicarem e se desenvolverem em hemácias, as células do sangue responsáveis pelo transporte de oxigênio. Então, essas células foram filtradas para, depois, serem infundidas nos voluntários do estudo clínico.

No mínimo, a pesquisa vai inserir o sangue artificial em dez participantes do estudo. A pesquisa é dividida em dois momentos. Uma das transfusões é com hemácia produzida naturalmente e a outra envolve o sangue produzido no laboratório. O objetivo é comparar as duas substâncias para concluir se as hemácias artificiais duram tanto quanto aquelas advindas de uma transfusão comum.

Normalmente, uma transfusão de sangue natural conta com hemácias jovens, que duram cerca de 120 dias, e outras maduras que perduram por um tempo menor. Em estudos pré-clínicos com o sangue artificial, os pesquisadores do NHS concluíram que as células artificiais cumprem as mesmas funções e duram até por mais tempo que as hemácias naturais. Com a pesquisa em voluntários, os cientistas buscam entender se esse desempenho será o mesmo no corpo humano.

Isso pode ser um problema. Fernanda Azevedo Silva, professora de hematologia da Faculdade de Medicina da UFF (Universidade Federal Fluminense) e sem relação com o estudo britânico, explica que o organismo humano conta com um mecanismo para identificar células defeituosas. Por exemplo, hemácias precisam se alterar para passar por vasos sanguíneos mais estreitos. Se as versões artificiais dessas células não cumprirem tais requisitos, existe a possibilidade delas serem destruídas.

Mesmo assim, a professora da UFF afirma que o desenvolvimento de sangue artificial é um importante avanço no meio científico. “Até hoje, não existe sangue artificial. Muitas tentativas foram feitas, mas sem sucesso.”

No entanto, o estudo ainda é muito experimental. Em informações oficiais fornecidas à reportagem, o NHS disse que “a introdução de novos tratamentos pode levar de 5 a 15 anos”, já que muitos outros passos ainda precisarão ser feitos antes de, se tudo correr bem, consolidar a tecnologia.

Além disso, o sangue artificial provavelmente será destinado a um público bem específico. Pessoas com anemia falciforme, por exemplo, precisam constantemente receber transfusões de sangue. As hemácias produzidas em laboratório poderiam ser úteis para evitar escassez da substância para esses pacientes.

Indivíduos com sangue raro são outro público-alvo dessa tecnologia. Essas pessoas normalmente enfrentam dificuldades para encontrar doadores compatíveis. Como o sangue artificial é produzido a partir de células-tronco, seria possível selecionar essas células de pacientes com sangue raro e desenvolver as hemácias a partir desse tipo sanguíneo.

Outra possibilidade é que, no futuro, a produção de sangue artificial não seria mais dependente do cultivo constante de células-tronco. A ideia é que talvez seja possível desenvolver linhagens celulares que produzem hemácias constantemente, sem depender da ingestão de novas células-tronco na solução nutritiva.

O NHS disseque essa ideia ainda é muito preliminar e várias pesquisas precisam ser feitas para, talvez, alcançar tal feito. Percepção parecida é de Vidigal, o pesquisador do Genoma USP. “Eu acho que é bem futurista”, afirmou o cientista em referência a essa ideia.

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