SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Os advogados Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira foram presos nesta terça-feira (17) em São Carlos (SP). Eles são suspeitos de serem os mandantes do assassinato de dois clientes para ficar com patrimônio avaliado em R$ 15 milhões.
QUEM É O CASAL
Hércules Praça Barroso, 47, e Fernanda Morales Teixeira Barroso, 44, são advogados com escritório em São Carlos (SP). Eles foram presos acusados de serem os mandantes da morte dos empresários José Eduardo Ometto Pavan, 69, e Rosana Ferrari, 61. Segundo a Polícia Civil, o crime teria como motivação a disputa pelo patrimônio das vítimas.
Hércules tem formação em direito pela Universidade do Grande ABC. Ele também possui especializações em direito empresarial pela FGV, processo civil pelo Mackenzie, e ciências criminais pela USP Ribeirão Preto. Atua desde 2007 na Barroso Sociedade de Advogados, em São Carlos (SP), com foco nas áreas cível, empresarial, imobiliária, trabalhista, tributária e criminal.
Fernanda era esposa de Hércules e trabalhava no mesmo escritório de advocacia que o marido. Ela é inscrita na OAB de São Paulo sob o número 234.906 e aparece como advogada em diversos processos no Tribunal de Justiça paulista, com atuação nas áreas cível e empresarial.
Fernanda é citada em uma lista de devedores da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Ela aparece como uma das sócias da empresa H V Comércio de Calçados Ltda.
O casal tem dois filhos e vivia em um condomínio de alto padrão em São Carlos (SP). Foi no local que ambos foram presos durante a Operação Jogo Duplo, deflagrada pela Polícia Civil.
Hércules e Fernanda mantinham pouca presença pessoal nas redes sociais. Mas divulgavam conteúdos institucionais no perfil oficial do escritório. A conta no Instagram da Barroso Sociedade de Advogados tem 20,6 mil seguidores. A última publicação, feita há 16 semanas, mostra uma foto de um trabalho de pós-graduação com a legenda: “É preciso sempre estudar, continuar se aperfeiçoando”.
Após a prisão, internautas passaram a comentar nas postagens antigas do escritório. “Como eu vou me dar ao trabalho de estudar cinco anos, fora a pós, para acabar com a minha carreira, vida, status, família por causa de tanta maldade?”, escreveu uma internauta. Outro comentou: “A que ponto a advocacia chegou: ganância e status. Conseguiram os dois”.
A OAB acompanha o caso. Não havia registros públicos de infrações disciplinares em nome dos advogados até a data da prisão.
DETALHES DO CRIME
José Eduardo Ometto Pava e Rosana Ferrari foram mortos no dia 6 de abril, na zona rural de São Pedro (SP). As vítimas foram encontradas mortas dentro da caminhonete da família, com marcas de tiros. José Eduardo estava amarrado no banco dianteiro, e Rosana foi localizada na caçamba do veículo, coberta por uma lona.
A relação entre advogados e empresários começou há mais de uma década. Em 2013, Pavan e Rosana enfrentaram dificuldades após o fracasso de um projeto de flats em São Carlos. Para proteger os bens de eventuais bloqueios judiciais, o casal constituiu uma holding.
Segundo a polícia, a holding foi registrada em nome dos próprios advogados. A investigação aponta que cerca de R$ 12 milhões em imóveis passaram para os nomes de Hércules e Fernanda. Além disso, os dois teriam cobrado aproximadamente R$ 2,8 milhões em falsas custas processuais, apresentando boletos e documentos supostamente forjados.
A Justiça determinou o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens dos investigados. Além do casal de advogados, dois homens suspeitos de participar da execução do crime também foram presos na mesma operação.
Segundo a defesa, não há relação entre os advogados e o crime. O advogado Reginaldo Silveira, que representa o casal, afirmou à EPTV que se trata de um caso “curioso, tendo em vista que as provas são frágeis na indicação de homicídio”. Ele disse ainda: “Agora está iniciando a fase de tomada de depoimentos, mas vamos comprovar que realmente a única relação que havia era justamente a de advogado-cliente, nada mais que isso”.
O caso segue sob investigação, com a fase de depoimentos iniciada nesta semana. Os investigados deverão responder por homicídio qualificado, associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e ocultação de cadáver.
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