O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e da política econômica do governo, após a Câmara dos Deputados ameaçar derrubar o decreto que promoveu mudanças nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O chefe do Planalto afirmou que o líder da equipe econômica trabalha com “seriedade” e que o Executivo “faz o possível” para cumprir o arcabouço fiscal.
“Tem uma hora que a gente tem de deixar os nossos interesses individuais de lado e pensar um pouco nesse país. Vocês sabem da seriedade com que o Haddad trata a economia. Estamos há quase três anos tentando consertar a economia”, destacou o presidente.
Lula citou esforços da equipe econômica que resultaram na aprovação da PEC da Transição, do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária. “Eu queria que vocês compreendessem que nós estamos tentando fazer o possível para esse país mudar de patamar”, completou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu pautar nesta quarta-feira (25/6) o projeto de decreto legislativo que susta os efeitos do decreto do governo que alterou alíquotas do IOF. Integrantes do Executivo, no entanto, defendem que a medida visa trazer justiça tributária.
Sem citar a decisão do presidente Câmara, Lula afirmou, durante discurso, que a responsabilidade sobre os rumos do país é compartilhada entre os entes.
“É importante a gente saber que a gente precisa cuidar desse país. Não é jogar a responsabilidade no Congresso Nacional ou jogar no presidente da República, é jogar em nós”, defendeu o petista.
Ele também rebateu críticas do setor empresarial sobre o aumento na carga tributária. “A nossa carga tributária hoje é menor do que era em 2011. Mesmo assim, eu tô cansado de ver empresário falar da carga tributária. Só não fala de R$ 860 bilhões de desoneração. Mas fica olhando para o dinheiro da educação para a gente cortar”, reclamou.
CNPE
As declarações foram dadas após reunião extraodinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que decidiu pelo aumento da mistura obrigatória de etanol na gasolina de 27,5% para 30%. O colegiado também aprovou a elevação da parcela de biodiesel no diesel de 14% para 15%.
Há a expectativa de que a mudança ajude a frear uma eventual alta no preço dos combustíveis. O aumento poderia impactar no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também pressionado pela possibilidade de encarecimento da conta de luz em decorrência da derrubada de vetos do presidente a dispositivos da Lei das Eólicas Offshore.