O líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE), considera que o Planalto pulou “uma fogueira” ao acalmar os ânimos com os deputados e garantir que a Casa não votasse a derrubada do decreto do reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Ao Metrópoles, o deputado ainda defendeu que o Executivo encontre maneiras de cortar mais gastos, sem comprometer programas sociais, e encontre mais alternativas de arrecadação.
O governo precisa colocar mais R$ 20 bilhões no cofre este ano para cumprir as regras do Novo Arcabouço Fiscal. Para isso, aumentou o IOF e, depois, diminuiu o reajuste por causa da má reação do Congresso. O recuo foi bem recebido pelos presidentes da Câmara e Senado, e o Planalto enviou uma Medida Provisória (MP) com uma série de cortes e alternativas para arrecadação. O clima mudou e, na segunda (16/6), havia chance de derrubar o decreto do imposto.
“O espírito é assim, há uma crise, você decanta e vão se passando os dias. Aprendi que é preciso paciência e muito diálogo, mas o governo precisa acelerar suas posições. Precisamos acelerar as coisas, estamos pulando uma fogueira votando apenas a urgência, preservando o fundamental, que é o conteúdo do IOF e a MP”, afirmou José Guimarães.
Ele continuou: “Essas duas medidas, elas são essenciais para o país, não para o governo. Acho que isso pesa muito, o conjunto da Casa tem dimensão da importância porque, do contrário, só teremos prejuízos para o Parlamento. É o jogo do perde-perde, do zero a zero, perde o governo e perde o Legislativo. Esta Casa aprovou uma lei chamada Acabou Fiscal, e o governo trabalha para respeitar a lei”.
Na tarde da segunda, ele os ministros palacianos Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) foram ao encontro do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Lá, os representantes do presidente Lula acordaram que a Casa só votaria o requerimento de urgência para derrubar o IOF, deixando a análise da derrubada em si para julho, após as duas semanas de recesso informal por causa do São João.
José Guimarães ainda garantiu que o governo Lula “não vai pedalar” e diz que só há dois caminhos: “Aumentar arrecadação, sem extravagância, ou contingenciar e bloquear mais recursos. O governo prefere negociar, para buscar uma solução mediada. O novo IOF está aqui nos pontos principais. Você faz um ajuste, aumenta aqui diminui ali”.
Nesse sentido, ele afirmou que é contrário à urgência da derrubada do IOF, que permitirá a análise do texto diretamente em plenário, sem passar por comissões. “Não faz sentido [a urgência], mas foi um entendimento construído. Tem hora que você perde o anel pra não perder os dedos, o fundamental é preservar o conteúdo do IOF e, sobretudo, da Medida Provisória”, disse o líder.
Ele continuou, afirmando que o governo pode cortar mais gastos para recuar em alguns pontos na MP: “Estamos abertos a negociar a Medida Provisória, nunca teve matéria que não seja negociada, Outras coisas podem entrar no corte de gastos, acho que tem que entrar outras coisas, além das que o governo já tomou, como seguro defeso, auxílio-doença e o Pé-de Meia dentro do piso da Educação, nós temos que pegar mais, pegar os incentivos, dar uma mordida linearmente, que colocar o fundo de Brasília para que o reajuste seja através pela inflação, vinculando o arcabouço”.