“Nossas instalações nucleares foram consideravelmente danificadas, isso é certo, porque foram alvo de repetidos ataques dos agressores israelenses e norte-americanos”, disse o porta-voz Esmaïl Baqhaï ao canal Al Jazeera, do Catar.
Na terça-feira, a Agência de Energia Atômica do Irã anunciou que o país está pronto para retomar o enriquecimento de urânio como parte de seu programa nuclear, 12 dias após o início dos bombardeios de Israel contra instalações atômicas.
“O programa nuclear do Irã será retomado sem interrupções e estamos prontos para reiniciar o enriquecimento — nosso programa não será interrompido”, afirmou a agência, citada pela mídia iraniana, em um momento em que vigora um cessar-fogo.
Já nesta quarta-feira, o Parlamento iraniano aprovou a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com o presidente da casa, Mohammad Bagher Ghalibaf, destacando que a AIEA se recusou a condenar o ataque às instalações nucleares iranianas, comprometendo a credibilidade internacional do órgão da ONU.
As declarações de Ghalibaf foram feitas após os deputados votarem a favor da suspensão da cooperação com a AIEA.
“A Organização de Energia Atômica do Irã vai suspender a cooperação com a AIEA enquanto a segurança das instalações nucleares não for garantida”, acrescentou o líder do Parlamento.
Os inspetores da AIEA têm verificado e monitorado as atividades do programa nuclear iraniano há mais de duas décadas, sem conseguir, até agora, garantir sua natureza pacífica, devido à falta de cooperação e transparência total por parte do Irã — embora o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, tenha admitido que não há provas de que Teerã esteja tentando desenvolver uma bomba atômica.
A região tem vivido uma escalada de violência desde 13 de junho, quando Israel iniciou uma ofensiva contra instalações militares e nucleares iranianas, em uma série de ataques que foram respondidos pelo Irã.
A tensão aumentou quando os Estados Unidos se juntaram aos ataques contra o território iraniano no fim de semana, bombardeando três instalações nucleares no país — uma agressão à qual o Irã respondeu, na segunda-feira, com um ataque à base norte-americana de Al-Udeid, no Catar, a maior que Washington mantém no Oriente Médio.
O Irã, por sua vez, retaliou com o lançamento de centenas de mísseis balísticos e drones explosivos contra centros urbanos civis em Israel, o que resultou em 28 mortos e mais de 1.300 feridos, a maioria com ferimentos leves.
Nos ataques israelenses contra centros nucleares e alvos militares na República Islâmica, pelo menos 610 pessoas morreram e mais de 4.700 ficaram feridas, das quais quase mil continuam hospitalizadas.
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