O cantor britânico Elton John declarou nesta segunda-feira (20) que se sente “incrivelmente traído” pelo governo do Reino Unido, após a Câmara dos Comuns rejeitar emendas que buscavam garantir proteção aos direitos autorais diante do avanço da inteligência artificial. O artista se juntou a centenas de outros nomes da música e das artes que vêm criticando duramente o projeto encabeçado pela gestão trabalhista de Keir Starmer.

O texto proposto prevê que empresas de IA poderão usar obras com fins comerciais sem necessidade de autorização prévia nem pagamento de direitos autorais aos criadores. A isenção valeria para conteúdos de texto, imagem e som usados no treinamento dos sistemas de inteligência artificial generativa.

Apesar das críticas, o governo rejeitou as alterações propostas pela Câmara dos Lordes — como a exigência de consentimento dos autores e a obrigação de informar quais obras seriam utilizadas.

“É criminoso”, afirmou Elton John em entrevista à BBC. “Sinto-me incrivelmente traído. Isso espolia os jovens artistas, que não têm os recursos para enfrentar as grandes empresas de tecnologia.”

O cantor, que há décadas apoia o Partido Trabalhista, classificou a medida como “roubo em larga escala” e alertou que ela ameaça diretamente o futuro da produção artística no país. Mais de 400 artistas britânicos, entre eles Paul McCartney, Dua Lipa e a banda Coldplay, já assinaram uma carta aberta em defesa dos direitos autorais.

A subsecretária de Estado para a Tecnologia, Maggie Jones, justificou a proposta alegando que regulamentações mais rígidas poderiam afastar investidores e desenvolvedores do Reino Unido. O governo afirma querer tornar o país uma referência global no setor de inteligência artificial.

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