O mercado internacional de café encerrou esta semana em forte queda, pressionado pela entrada da safra brasileira, especialmente do conilon. Na bolsa de Londres, os contratos acumularam perda de 6%, encerrando a sexta-feira, 30, cotados a US$ 4.510 por tonelada. Na bolsa de Nova York, também registrou baixa de 5% na semana, com queda diária de 2% nesta sexta, fechando a 3,42 dólares por libra-peso.
O diretor da Pharos Consultoria, Haroldo Bonfá, explica que o avanço da colheita no Brasil tem sido determinante para a movimentação dos preços. “O conilon já está com 25% a 30% da safra colhida, num ritmo muito bom. Apesar das chuvas em algumas regiões, a maioria, cerca de 90%, passa por secadores, o que reduz a dependência do clima”, afirma.
No caso do arábica, a colheita também avança e já atinge entre 10% e 12%, dependendo da região. “O Brasil é muito grande. Tem produtor que está quase no final da colheita e outros que nem começaram, o que é normal”, ressalta Bonfá.
Apesar do avanço da safra, persiste no mercado a percepção de quebra na produção, reflexo dos problemas climáticos enfrentados ao longo do ciclo. “Tivemos seca, problemas de florada e, embora tenha ocorrido uma leve recuperação desde janeiro, com chuvas e mais sol, há sim um impacto na produtividade, principalmente no arábica”, pontua o analista.
No mercado interno, os preços também passam por ajustes. Após forte valorização registrada no ano passado — com as cotações atingindo recordes históricos —, 2025 tende a ser um ano de correção, movimento típico para este período de colheita.
Inverno sob observação, mas foco já está em 2026
A recente passagem de uma frente fria pelo Brasil trouxe temperaturas mais baixas, mas sem riscos imediatos para as lavouras de café. Ainda assim, o mercado acompanha com atenção o desenvolvimento do inverno. “Estamos com uma situação climática neutra, entre El Niño e La Niña, o que, em tese, reduz o risco de geadas severas. Mas, como sempre, só saberemos ao longo da temporada”, comenta Bonfá.
O grande foco do mercado, no entanto, já se volta para a próxima florada, prevista para setembro, que será determinante para a safra de 2026. “Existe uma enorme expectativa de uma supersafra no próximo ano. Mas, até lá, muita coisa pode acontecer. E, após a colheita atual, só teremos novos cafés a partir de maio de 2026. Isso mantém o mercado sensível e volátil”, lembra o diretor da Pharos.