Boi gordo sustenta alta em plena entressafra, ultrapassa R$ 320/@; veja o que esperar
O mercado físico do boi gordo manteve firmeza nos preços nas principais praças pecuárias nesta terceira semana de junho, sustentado por dois pilares principais: a baixa oferta de animais prontos para abate e o forte ritmo das exportações de carne bovina in natura. Apesar de uma demanda interna mais fraca, agravada pelo feriado do dia 19 e um consumo mais contido na segunda quinzena do mês, as cotações se mostram resilientes em diversas regiões do Brasil.
Segundo analistas da Agrifatto, o mercado interno segue travado, mas as escalas de abate curtas — com média de apenas sete dias úteis — aliadas a um ritmo acelerado dos embarques internacionais, dão sustentação à arroba. O volume exportado entre janeiro e maio de 2025 já chega a 1,4 milhão de toneladas, um crescimento de 10,9% em relação ao mesmo período de 2024.
O analista Pedro Gonçalves, da Scot Consultoria, afirma que o momento é excepcional para a exportação de carne in natura, favorecido pelo dólar acima de R$ 5,50 e preços médios de US$ 5.350 por tonelada. Ele prevê um cenário ainda mais aquecido no segundo semestre, em plena entressafra, quando a oferta de boiadas gordas tende a cair.
Cotação da arroba do boi gordo por região
De acordo com levantamento da Safras & Mercado, mesmo com a tentativa da indústria de segurar os preços à espera de lotes de confinamento, as cotações seguem sustentadas:
- São Paulo: R$ 322,25/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 320,57/@
- Mato Grosso: R$ 319,53/@
- Goiás: R$ 306,25/@
- Minas Gerais: R$ 303,24/@
No Rio de Janeiro, o mercado voltou a ganhar fôlego, com valorização semanal de 1,7%, levando a arroba a R$ 300,50, segundo a Scot Consultoria. A firmeza nos pastos, após chuvas recentes, tem permitido que pecuaristas aguardem por melhores ofertas, reduzindo a pressão de venda.
Oferta baixa e confinamento impulsionam valorização
O Cepea reforça a leitura de mercado indicando que a oferta restrita tem obrigado os frigoríficos a elevarem os preços no mercado do boi gordo para preencher suas escalas. A expectativa de novos reajustes após o feriado tem levado pecuaristas a negociar aos poucos.
Além disso, a chegada gradual dos primeiros lotes de confinamento, com boa padronização e acabamento, já começa a influenciar positivamente as cotações.
Mercado atacadista em leve ajuste
Na contramão do mercado físico, o setor atacadista registrou movimento misto nos preços da carne bovina:
- Quarto traseiro: R$ 23/kg (queda de R$ 1,50)
- Quarto dianteiro: R$ 20/kg (alta de R$ 0,50)
- Ponta de agulha: R$ 19/kg (alta de R$ 0,50)
Esse comportamento reflete o padrão de consumo da segunda metade do mês, quando o consumidor médio tende a priorizar proteínas mais acessíveis, como frango, ovos e embutidos, apontou o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado.
China reduz compras, mas cenário segue positivo nas exportações de carne bovina
Apesar da redução no ritmo de compras por parte da China, causada pela recente alta do boi brasileiro e dificuldades logísticas, o cenário ainda é considerado favorável para os pecuaristas brasileiros. A cautela chinesa resultou em queda de até US$ 100 nas cotações do dianteiro bovino no mercado internacional, mas a expectativa para o segundo semestre é de estabilidade com viés de alta
Mesmo diante de um consumo interno enfraquecido e do impacto de um feriado no meio da semana, o boi gordo resiste e mostra força.
A combinação de oferta enxuta, exportações aquecidas e chegada controlada de animais confinados garante sustentação às cotações, com perspectivas otimistas para o restante do mês e início do segundo semestre. Pecuaristas atentos a esse movimento podem se beneficiar de um mercado ainda aquecido, mesmo em tempos desafiadores.