O mercado do boi gordo segue demonstrando resiliência em diversas regiões produtoras do país. Apesar de sinais de desaceleração no consumo interno de carne bovina e ajustes no mercado futuro, a oferta limitada de animais prontos para abate e o desempenho positivo das exportações têm sustentado as cotações da arroba em patamares elevados.
A oferta enxuta de lotes terminados tem sido suficiente para atender à demanda dos frigoríficos, sem provocar excedentes que forcem quedas significativas. Segundo a Scot Consultoria, as escalas de abate em São Paulo atendem, em média, a oito dias, o que sugere relativo equilíbrio entre oferta e demanda.
Mesmo assim, o ritmo de negociações está mais lento. De acordo com a Safras & Mercado, os frigoríficos têm adotado uma postura conservadora, contendo avanços de preços com negociações lateralizadas, à espera da entrada mais forte de gado de confinamento, a partir de julho.
Cotações da arroba do boi gordo por estado
Apesar do cenário de estabilidade em muitas regiões, algumas praças registraram variações:
- São Paulo:
- Boi comum: R$ 315,00/@
- Boi-China: R$ 320,00/@
- Média geral: R$ 316,84/@, com queda de 0,58%
- Mato Grosso: R$ 323,85/@, leve alta em relação ao dia anterior
- Mato Grosso do Sul: R$ 321,14/@
- Minas Gerais: R$ 307,94/@
- Goiás: R$ 304,11/@
- Rondônia: R$ 278,06/@, com alta de 0,68%
Atacado e consumo interno
No mercado atacadista, a estabilidade também predomina. Os cortes seguem com preços acomodados:
- Quarto traseiro: R$ 23,00/kg
- Quarto dianteiro: R$ 20,00/kg
- Ponta de agulha: R$ 19,00/kg
Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, o espaço para reajustes é limitado, reflexo de uma reposição lenta entre atacado e varejo na segunda quinzena do mês. Além disso, o consumidor segue priorizando proteínas mais acessíveis, como frango, ovos e embutidos.
Mercado futuro e exportações
Na B3, os contratos futuros registraram ajustes negativos, apontou a Agrifatto. O contrato com vencimento em outubro de 2025 fechou com recuo de 1,02%, cotado a R$ 339,30/@. A queda reflete cautela dos investidores diante da chegada de animais de confinamento e da possível pressão sobre os preços no segundo semestre.
Por outro lado, o mercado externo segue sendo o principal fator de sustentação. As exportações brasileiras de carne bovina seguem firmes, com projeções de recorde tanto em volume quanto em receita. Isso contribui para a manutenção do otimismo no setor, apesar da retração momentânea no mercado interno.
Resumo
- Oferta limitada continua sustentando os preços do boi gordo nas principais praças.
- São Paulo tem preços estáveis, mas com leve recuo.
- Rondônia e Mato Grosso registram altas na arroba.
- Exportações aquecidas garantem sustentação do mercado.
- Consumo interno mais fraco pressiona o atacado e limita repasses.
O mercado do boi gordo permanece sensível às variações da oferta e da demanda interna, mas com apoio fundamental vindo do comércio exterior, o que dá um alicerce importante para os preços atuais e para o planejamento do pecuarista nas próximas semanas.