Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou em áudios revelados por uma das defesas dos réus da suposta trama golpista que “nunca” mencionou a palavra “golpe” nos depoimentos prestados à Polícia Federal (PF).
As gravações, apresentadas pela defesa do ex-assessor Marcelo Câmara, apontam ainda que Cid teria descumprido medidas cautelares impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes durante a vigência do acordo de delação premiada firmado com a PF.
O material foi entregue pelo advogado Eduardo Kuntz, que trocou mensagens, em março de 2023, com o perfil @gabrielar702, no Instagram. Segundo a defesa, a conta pertencia a Mauro Cid.
Nos áudios, Cid afirma que jamais mencionou a palavra “golpe” durante os depoimentos prestados. “Infelizmente, estão nos usando para fazer parte desse papelão midiático”, escreveu o perfil atribuído a ele.
Em outro trecho, Cid desabafa: “Esse troço tá entalado, cara. Ele botou a palavra golpe, cara. Eu não falei uma vez a palavra golpe. Quer dizer, foi erro, sei lá… Não sei nem se eu tava em condições psicológicas na hora ali, porra. Quando é de a palavra golpe ali que ele botou (sic), eu não falei golpe uma vez em todo o meu depoimento.”
Cid desabafa e diz que perdeu tudo e Bolsonaro “ganhou milhões”
Cid disse, em outro trecho, que ele perdeu tudo, enquanto o ex-presidente ganhou milhões. Os áudios faziam parte de um “desabafo” do ex-ajudante de ordens. “Pega a vida de todo mundo. Ver quem se fudeu, ver quem se ferrou, quem perdeu a carreira. Quem teve o pai, a esposa, a família toda investigada? Todo mundo foi investigado.
“Presidente ganhou milhões e chegou ao topo, tudo bem. Quem se fudeu e perdeu tudo? Fui eu”, desabafou Cid.
Os áudios são de março do ano passado. À época, Cid já estava com a prisão preventiva revogada.