Exame pericial realizado a pedido da defesa de Anderson Torres aponta que a chamada “minuta do golpe” encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça é similar à exposta para download na internet. Os advogados alegaram que por diversas vezes que o documento seria mais uma “minuta do google”, por estar disponível a quem desejar baixar.
Em análise documental, o perito atestou ainda que a minuta encontrada na casa de Torres é diferente a documento atribuído a Mauro Cid e supostamente analisado em reunião entre Jair Bolsonaro (PL) e os comandantes das Forças na gestão do ex-presidente.
O perito que assina os documentos é Roosevelt Alves Fernandes Leadebal Junior. No parecer técnico, ele ressalta que “observou-se compatibilidade substancial de conteúdo e estrutura entre a minuta em questão e a versão digital publicada em um site, cuja existência está formalmente registrada por Ata Notarial”, disse ao tratar da minuta da casa de Torres, também anexada à Ação Penal 2.668.
O perito ressalta que, em documento atribuído a Mauro Cid, contendo três páginas, “infere-se ausência total de compatibilidade formal, textual e estrutural com a minuta apreendida na residência de Anderson Torres”.
Os documentos com transcrições, imagens e conclusões foram anexados à ação penal na qual Anderson Torres é réu junto com Bolsonaro mais seis pessoas, um dia antes de acareação do ex-ministro com Freire Gomes.
Minuta do golpe no google
A acareação ocorrerá nesta terça-feira (24/6), no Supremo Tribunal Federal, e tem como meta esclarecer pontos que ficaram confusos em depoimentos e interrogatórios. Um deles, para a defesa de Torres, é a afirmação de Freire Gomes de que Torres participou de reunião na qual foi tratado conteúdo de minuta golpista. Torres nega ter participado e outros integrantes também o excluem do encontro, em dezembro de 2022.
Em decisão emitida no dia 17, dentro da Ação Penal 2.668, Alexandre de Moraes determinou que o Google informasse os dados de quem inseriu a “minuta do golpe” na internet.
Moraes atendeu a uma solicitação da defesa do ex-ministro da Justiça. Os advogados alegaram que “em uma simples busca no site Google com a expressão ‘conjur/dl’, é possível encontrar uma minuta de conteúdo idêntico àquela encontrada na residência de Torres”.
Em seu depoimento como réu ao STF, Torres afirmou que não se lembrava de ter recebido a minuta do golpe e, brincou, dizendo que seria uma “minuta do Google”, que estaria disponível para buscas na internet.
Por sua vez, Moraes determinou à defesa de Torres que apresente uma prova pericial para “demonstrar que o conteúdo da ‘minuta do Google’ encontrada na casa do ex-ministro não tem qualquer semelhança com os demais documentos supostamente antidemocráticos mencionados durante a instrução”. Foi esse documento que a defesa apresentou nesta segunda-feira (23/6).