Após o ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irã, ordenado pelo ex-presidente Donald Trump, o Parlamento iraniano aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, informou a imprensa local neste domingo (22). A medida, considerada uma retaliação direta à ofensiva norte-americana, ainda precisa ser validada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo aiatolá Ali Khamenei para entrar em vigor.
Importante rota comercial
O Estreito de Ormuz é uma das principais rotas de transporte de petróleo no mundo. Cerca de 20% de todo o petróleo comercializado globalmente passa diariamente pela via marítima, localizada entre o Irã e Omã. O bloqueio do local pode ter impactos significativos sobre o mercado energético internacional.
Segundo informações da mídia estatal iraniana, o fechamento do estreito foi aprovado como resposta aos ataques dos EUA a três instalações nucleares em território iraniano. A segurança da navegação na região é monitorada pela 5ª Frota da Marinha dos Estados Unidos, com base no Bahrein.
Preço do petróleo pode disparar
Desde o início das ofensivas, na última sexta-feira (13), os preços do petróleo apresentaram forte alta. O barril do tipo Brent, referência global, passou de US$ 69,36 (na quinta-feira, 12) para US$ 78,74 (na quinta-feira, 19), uma alta de 13,5%.
Analistas do banco JPMorgan alertaram que, em um cenário mais crítico, o bloqueio total do estreito ou retaliações por parte de grandes produtores da região poderiam elevar o preço do barril para a faixa de US$ 120 a US$ 130.
O Irã já havia ameaçado bloquear o estreito em outras ocasiões, mas sem concretizar a medida. Um dos episódios ocorreu em 2019, quando os Estados Unidos se retiraram do acordo nuclear firmado com o país. O ex-presidente Trump, autor do ataque recente, tenta agora retomar negociações com o governo iraniano.
Localização
O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e, por consequência, ao Mar da Arábia. Na sua parte mais estreita, tem apenas 33 km de largura, com canais de navegação de 3 km em cada direção.
[Legenda]© Reprodução / Google Maps
Entre o início de 2022 e maio de 2025, passaram pelo estreito entre 17,8 e 20,8 milhões de barris por dia, segundo dados da plataforma Vortexa. Países como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque exportam a maior parte de seu petróleo por essa rota, principalmente para mercados asiáticos. O Catar também utiliza o estreito para exportar praticamente toda sua produção de gás natural liquefeito.
Alguns desses países têm buscado rotas alternativas. Segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA, havia uma capacidade ociosa de 2,6 milhões de barris por dia em oleodutos da região, conforme dados de junho do ano passado, que poderiam ser utilizados em caso de interrupções no tráfego por Ormuz.
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