loader image

Shopping cart

Nenhum produto no carrinho.

  • Home
  • Economia
  • Com 9 entre 10 preços mais altos na Argentina, turistas brasileiros evitam vizinhos
Economia

Com 9 entre 10 preços mais altos na Argentina, turistas brasileiros evitam vizinhos

22/06/20255 Mins Read
Com 9 entre 10 preços mais altos na Argentina, turistas brasileiros evitam vizinhos
1

DOUGLAS GAVRAS
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – “Não tenho com quem conversar em português”, se queixa o garçom argentino Alexis Franco, 33, em um restaurante na rua Florida, ponto que costumava ser concorrido no centro de Buenos Aires. “Antes, os brasileiros vinham em grupo, agora vou ter de esperar as minhas férias para passear no Brasil.”

Ele conta que o irmão, que trabalhava como “arbolito”, oferecendo câmbio pela cotação blue (paralela), passou a fazer entregas de encomendas por aplicativo, pela falta de turistas com quem trocar dólares. “Parece que estamos sempre em uma gangorra, Argentina e Brasil, espero que nenhum dos dois caia”, resume.

A falta de turistas na Argentina não é impressão. Nos quatro primeiros meses de 2025, o país recebeu 3,3 milhões de visitantes (uma queda de 25,4% ante o ano anterior). Enquanto isso, as viagens ao exterior dos argentinos e residentes no país aumentaram 67,6%, chegando a 8,4 milhões, de acordo com dados do Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos).

Apenas em abril, a Argentina teve um saldo negativo de 726,3 mil no turismo internacional: recebeu 699,3 mil visitantes (8,3% menos que no mesmo mês de 2024) enquanto 1,43 milhão de argentinos viajaram ao exterior (um aumento de 30,5%).

Nesse mês, 77,6 mil brasileiros viajaram ao país a turismo (queda de 18,2% em relação a um ano antes), enquanto 235,9 mil argentinos aproveitaram os preços mais baixos no Brasil, com um aumento de 59,1%. Os brasileiros agora estão atrás dos uruguaios entre os principais visitantes.

“No verão, o comerciante de Mar del Plata e de outras cidades do litoral argentino passou a oferecer pacotes a preço de custo para tentar segurar os turistas, mas não teve jeito”, conta o agente de viagens Luciano Scharowski, 43. “Simplesmente não podemos competir com os preços do Brasil. Agora os donos de hotéis e restaurantes de Bariloche estão com medo do que vai acontecer no inverno.”

No início do mês, o Indec divulgou, em uma vitória para o governo de Javier Milei, que a inflação no país havia sido de 1,5% em maio -o menor patamar em cinco anos. Os preços pararam de subir mês a mês na velocidade de antes, mas ficaram estacionados em um patamar elevado, na comparação em dólares.

Segundo um levantamento publicado pelos pesquisadores Marcelo Capello e Nicolás Cámpoli, da Fundação Mediterrânea – Ieral (Instituto de Estudos Econômicos sobre a Realidade Argentina e Latinoamericana), em uma cesta de 30 produtos -incluindo alimentos, serviços e bens duráveis- 90% dos preços eram mais altos em maio na Argentina que no Brasil, em uma comparação feita em dólares internacionais.

Em itens de alimentos e bebidas, o Brasil tem preços mais baixos em todos eles. A Argentina apresenta preços mais altos ao consumidor final em 48% dos produtos comparados com dez produtos em dez países.

Para bens duráveis, vestuário e calçados, a Argentina é mais cara do que o resto dos países analisados em 91% dos casos. No Brasil, apenas uma geladeira de 340 litros era mais cara do que no país vizinho.

Em serviços pessoais ou familiares (e bens relacionados a serviços dessa natureza), a Argentina é mais cara em 36% dos casos comparados. Os preços são mais altos do que os do Brasil em 80%.

As comparações com preços de outros países usam, em sua maioria, a base de dados da plataforma Numbeo, que compara o custo de vida em diferentes países combinando dados gerados por usuários e pesquisas em sites de supermercados, empresas de táxi e instituições governamentais. Os preços se referem a 15 de maio deste ano.

Outra ferramenta usual para comparação de preços é o índice Big Mac, que mostra que o preço do Big Mac na Argentina é de US$ 7, apenas inferior ao da Suíça (US$ 8).

Em abril, o governo levantou as restrições para a compra de dólares por pessoas físicas (o “cepo”) e instituiu um regime de bandas, em que a moeda passou a flutuar na cotação oficial, inicialmente de 1.000 a 1.400 pesos argentinos. Na última quarta-feira (18), a moeda estava cotada para venda a 1.180 pesos.

Se por um lado o controle da inflação é o principal ativo do governo Milei, os autores lembram que a Argentina ainda enfrenta desafios para atrair dólares, com a escassez de reservas sendo um problema crônico no banco central.

“Atualmente, a Argentina apresenta uma taxa de câmbio baixa, o que pode continuar devido ao aumento das exportações de energia e mineração. Essa maior oferta de dólares e a expectativa de um equilíbrio fiscal podem levar a uma valorização da moeda local”, diz o estudo.

Segundo os pesquisadores, a taxa de câmbio real da Argentina em maio de 2025 está 30% abaixo da média dos últimos 25 anos. “Isso não indica necessariamente instabilidade futura, pois as exportações de petróleo e gás podem manter essa paridade baixa”, ponderam.

Fonte

Posts Relacionados