A China alertou nesta quinta-feira (19) que a situação no Oriente Médio está “tensa e delicada”, com risco de sair do controle a qualquer momento. Em meio à escalada de tensão entre Irã e Israel, o governo chinês cobrou uma postura mais responsável dos Estados Unidos para evitar um agravamento do conflito.
“O confronto já dura uma semana, causou grandes danos aos povos dos dois países e compromete seriamente a paz e a estabilidade da região e do mundo”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, em entrevista coletiva em Pequim.
Guo enfatizou que a intensificação do conflito “não trará vencedores” e reforçou a posição da China contra “qualquer violação dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, bem como contra ameaças à soberania, segurança e integridade territorial de outros países”.
O porta-voz também criticou, de forma indireta, os Estados Unidos, ao dizer que a comunidade internacional – especialmente os países com maior influência global – deve “adotar uma postura justa e responsável” e “criar condições favoráveis para um cessar-fogo e a retomada do diálogo”. A China teme que a instabilidade atual leve a “desastres ainda maiores” na região.
As declarações ocorrem em um momento em que a retórica entre Washington e Teerã também se intensifica. Na quarta-feira (18), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou em aberto a possibilidade de uma ação militar contra o Irã.
“Pode ser que eu faça. Pode ser que não. Ninguém sabe o que vou decidir”, afirmou Trump, levantando a possibilidade de novos confrontos em meio ao impasse sobre o acordo nuclear iraniano.
O republicano também disse que o Irã teria demonstrado interesse em retomar as negociações sobre seu programa nuclear e que, segundo ele, uma delegação iraniana teria sido enviada à Casa Branca — algo que o governo de Teerã negou oficialmente.
Trump ainda sugeriu que o recente ataque de Israel contra instalações militares e nucleares iranianas teria ocorrido após o fim do prazo imposto pelos EUA para que o Irã aceitasse um novo pacto nuclear. A declaração elevou ainda mais a tensão no cenário internacional.
Conflito
O conflito entre Israel e Irã ganhou um novo e alarmante capítulo nesta quinta-feira (19), quando um míssil iraniano atingiu diretamente o Hospital Soroka, localizado em Beersheba, no sul de Israel. O ataque, considerado um dos mais graves desde o início da nova escalada militar entre os dois países, deixou pelo menos 40 pessoas feridas — duas delas em estado grave — de acordo com os serviços de emergência israelenses.
A ofensiva iraniana foi interpretada como uma clara provocação ao governo israelense e à comunidade internacional, uma vez que o hospital atingido é uma das principais unidades médicas do país e símbolo de atendimento emergencial no sul de Israel. O bombardeio ocorre em meio a uma sucessão de ataques que já dura sete dias consecutivos, com mísseis sendo disparados por ambos os lados, em um confronto que tem como pano de fundo a crescente tensão em torno do programa nuclear iraniano.
Netanyahu promete retaliação severa
Em resposta ao ataque, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, usou as redes sociais para condenar o bombardeio e prometeu represálias contundentes. “Os tiranos terroristas do Irã lançaram mísseis contra o Hospital Soroka, em Beersheba, e contra civis no centro do país. Cobraremos o preço total dos tiranos de Teerã”, escreveu em uma publicação no X (antigo Twitter).
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