Preocupado com o avanço da direita, o Partido dos Trabalhadores (PT) buscará ampliar a base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Senado nas eleições de 2026. Caciques da sigla consideram que a disputa na Casa Alta é a principal prioridade, atrás apenas da reeleição do chefe do Planalto.
Recentemente, o próprio Lula reforçou a necessidade de conseguir maioria no Senado. “Precisamos eleger senadores da República em 2026. Se esses caras elegerem a maioria dos senadores, eles vão fazer uma muvuca nesse país”, disse, durante congresso do PSB no início do mês.
Com o objetivo de alavancar o número de representantes na base, o partido está disposto a abrir mão de candidaturas para apoiar aliados de outras legendas, como ocorreu nas últimas eleições municipais.
Nesse sentido, a disputa nas regiões Nordeste — que concentra uma parcela de eleitores do petista —, Sudeste e Sul é considerada estratégica para garantir a governabilidade em um eventual quarto mandato.
O PT também aposta em nomes de dentro do governo para preencher vagas no Senado. Destaca-se o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), e os ministros Márcio França (Empreendedorismo) e Simone Tebet (Planejamento). No entanto, a discussão sobre essas candidaturas ainda é incipiente.
Oposição
O movimento do PT, no entanto, ainda é moroso, em especial se comparado à estratégia já definida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-chefe do Executivo iniciou uma articulação para testar possíveis candidatos bolsonaristas ao Senado.
Assim como Lula, o ex-presidente também sinalizou a importância de conquistar a maioria absoluta na Casa da Legislativa (41 das 81 cadeiras). Para ele, com esse número de representados, os aliados irão mandar “mais do que o próprio presidente da República”.
Dessa forma, Bolsonaro passou a ensaiar a indicação de nomes de seu grupo político para a disputa ao Senado. Um dos cotados é o vereador Carlos Bolsonaro (PL), do Rio de Janeiro, que pode concorrer por Santa Catarina.
Cenário
Pesquisas de opinião divulgadas recentemente apontam que a vantagem de Lula sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro e eventuais substitutos vem reduzindo. O levantamento da Quaest, publicado em 5 de junho, mostra que o atual chefe do Planalto empataria com Bolsonaro e outros quatro possíveis candidatos: Tarcísio de Freitas (Republicanos), Michelle Bolsonaro (PL), Ratinho Jr. (PSD), Eduardo Leite (PSD).
Já o Datafolha indicou uma derrota do petista frente ao principal adversário: 45% dos entrevistados disseram que votariam no ex-presidente, e 44%, em Lula, em um segundo turno. Em abril, a pesquisa mostrava Lula vencendo Bolsonaro por 49% a 40%.
Aliados atribuem o aumento da rejeição às recentes crises enfrentadas pelo governo, como o escândalo dos descontos indevidos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Há também uma avaliação de que os feitos da gestão não têm chegado de forma efetiva à população.
Para reverter o cenário, auxiliares apostam em explorar mais a imagem de Lula em entrevistas e nas redes sociais, além de reforçar medidas econômicas. Exemplo disso é a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. O texto foi enviado para o Congresso e aguarda análise.