Exposição de artesanato reuniu mulheres de todas as aldeias Yawanawá. Foto: Marcos Santos/Secom AC
A Aldeia Mutum, uma das cerca de 17 aldeias que se estendem ao longo do Rio Gregório, no município de Tarauacá (AC), vive um período de marcos históricos. No dia 27 de maio foi realizado o Primeiro Encontro das Mulheres Yawanawá, um momento de afirmação da identidade da mulher indígena. Já no dia 28, o território sediou a maior exposição de artesanato da história da etnia.
“Esse é dos momentos muito especiais, que fala do trabalho, da arte, da proteção, da identidade, da beleza, da cultura, da tradição do nosso povo. Essa exposição aqui conta a história de um trabalho de homens e mulheres”, celebrou a cacique Maria Júlia Yawanawá.
Leia também: No coração da floresta, a sagrada aldeia do povo Yawanawá

O governo do Acre esteve presente no evento, por meio da Secretaria Extraordinária de Povos Indígenas (Sepi), oferecendo apoio e valorização à arte indígena. “Hoje é um momento dedicado à exposição e à história. Estamos aqui, mais uma vez presentes, valorizando e demonstrando o apoio do governo, que foi muito importante para a realização do evento”, destacou a diretora da pasta, Nedina Yawanawá.
Mulheres de todas as aldeias do Povo Yawanawá estiveram no local, expondo sua arte em formato de pinturas de quadros, vestimentas e adereços como anéis, colares, brincos, tornozeleiras e outros.
📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp
“Quando pensamos em produzir, pensamos em nos embelezar, nos sentir bonitas. Não é de qualquer forma que produzimos, precisamos estar em paz, com o coração tranquilo, porque se erramos uma pedrinha dessa, não adianta, tem que ser tudo perfeito. Nossas combinações de cores vão surgindo no coração e na mente, vamos recebendo novas inspirações espontaneamente”, explicou a cacique da Aldeia Mushuinu, Janete Yawanawá.

Além de beleza e espiritualidade, o artesanato, apreciado por visitantes de todo o Brasil e de outros países, tornou-se uma importante fonte de renda para as mulheres yawanawá, tornando-as capazes de ter mais liberdade e estabilidade financeira, podendo suprir suas necessidades pessoais.
Eliete Yawanawá relata que o artesanato mudou a sua realidade: “Agora somos modernos, somos chiques; hoje temos melhores roupas, antes não tínhamos nem shampoo. O artesanato é uma fonte de renda, porque antes dependíamos só dos nossos maridos ou das aposentadorias dos nossos pais ou avôs”.
A carioca Bia Saldanha, que mora em Rio Branco, disse que já considera a Aldeia Mutum como ‘sua casa’ e admira o trabalho das artesãs: “Quando eu vi a primeira vez uma pulseira feita pelas yawanawá, era amarela, minha cor favorita. Eu ganhei de presente e aquele foi o melhor presente. Isso foi lá em 2010”.

Leia também: Mariri Yawanawa: a celebração da vida na floresta do Acre
Apreciando as peças produzidas, Bia Saldanha também destacou o quanto fica feliz com a trajetória das yawanawá.
“Essa abundância, essa riqueza que está no mundo da espiritualidade e que essas mulheres fizeram com que se tornasse uma fonte de renda, não foi feita da noite para o dia; essa organização das mulheres como uma rede de produção é incrível”, avaliou.
As miçangas utilizadas pelas mulheres yawanawá em sua produção são importadas da República Tcheca, para a confecção dos adereços cuja comercialização ajuda a aquecer a economia do estado.
*Com informações da Agência Acre