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Tudo é culpa do Agro?

27/05/20253 Mins Read
Tudo é culpa do Agro?
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Na psicologia, há uma máxima que diz: o maior inimigo somos nós mesmos. No Brasil, acredito que estamos seguindo por esse mesmo caminho.

Acabo de voltar da Rússia, onde fui mostrar na reunião do Brics o gigantismo do agronegócio brasileiro e, sobretudo, sua responsabilidade incontestável em garantir a segurança alimentar do planeta. Uma preocupação mundial que, inclusive, vem mexendo com a geopolítica e com as relações internacionais. 

Ao retornar ao Brasil, me deparo com uma série de desafios na questão sanitária, na segurança jurídica, no direito à propriedade, na regularização ambiental ou na guerra de narrativas, que só atrasam um país que ainda tem muito a construir. Parece que tudo é culpa do agro. Sempre se dá um jeito de colocar o setor no centro da história. Não vejo, por exemplo, o setor dos combustíveis fósseis — sabidamente um dos maiores poluidores do planeta —, ser citado tantas vezes nessas narrativas. Ou o setor da aviação que, a cada decolagem, promove emissões significativas. Talvez porque, no Brasil, a ordem das prioridades tenha se invertido.

Somado a isso, enfrentamos desafios significativos. Veja o caso da gripe aviária identificada no Rio Grande do Sul. A doença, já detectada em granjas comerciais em inúmeros países,  trouxe impactos relevantes não só para os avicultores, mas também para agricultores e pecuaristas, que viram o mercado travar nesta semana. São investimentos altos que os produtores fazem, assumindo riscos elevados, não só porque é uma produção a céu aberto, mas também porque estão sujeitos a muitas variáveis que podem comprometer a saúde financeira por anos.

Para adicionar mais uma camada, há ainda o famoso “Custo Brasil”, muitas vezes promovido pela  burocracia. O projeto de lei (PL2159/2021) sobre as licenças ambientais, aprovado nesta semana no Senado, busca reduzir esse impacto. Não se trata de um papel em branco para o agronegócio, porque temos o Código Florestal, legislação ambiental que prevê regras bem definidas sobre o uso da terra e áreas de conservação. É, de fato, uma medida para desburocratizar, evitando duplas interpretações, trazendo segurança jurídica e promovendo avanços e investimentos, que vão contribuir com a produção e com o acesso de mais pessoas à comida na mesa.  

A produção de alimentos é uma atividade essencial. Representa saúde pública, soberania nacional e a paz, como diz nosso ministro Roberto Rodrigues. E só quem está no campo conhece de perto os desafios. Mas já é hora da cidade se aproximar do setor produtivo e entender que, essa atividade, aqui no Brasil, merece aplausos e reverência. Com tecnologia e muito trabalho, fizemos uma revolução que garantirá a segurança alimentar para as futuras gerações. Portanto, criar narrativas contra o agro é ir contra a nossa vocação, contra os brasileiros e contra um mundo que precisa de nós. 

Teresa Vendramini é produtora rural, pecuarista. Formada em Sociologia e Política na USP, tem orgulho de continuar o trabalho de sua família, que há mais de oitenta anos se dedica à atividade agropecuária. Teresa Vendramini foi presidente da Sociedade Rural Brasileira, entidade que representa há 104 anos os produtores rurais. Também já foi presidente da FARM, Federação das Associações Rurais do Mercosul, que representa produtores de seis países. Participa de vários Conselhos , entre eles : Embrapa, Febraban e Fundo Amazônia JBS.

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