Ministério da Agricultura confirma primeiro caso de gripe aviária em granja comercial no Brasil
Uma granja de aves localizada em Montenegro, município da Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), foi identificada como o local do primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma criação comercial no Brasil. A confirmação foi divulgada nesta sexta-feira (16) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), após exames laboratoriais realizados em Campinas (SP).
O episódio representa um marco delicado para a avicultura nacional, que até então vinha registrando ocorrências apenas em aves silvestres ou não comerciais. Desde 2006, o vírus da influenza aviária circula de forma recorrente em diversos continentes, como Ásia, África e partes da Europa, mas só agora foi detectado no setor produtivo brasileiro.
Segundo a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, os primeiros sinais foram observados no último dia 12 de maio em um plantel reprodutor. Amostras foram imediatamente coletadas e enviadas para análise. Com a confirmação, a granja foi isolada, as aves sacrificadas e uma investigação sanitária foi iniciada em um perímetro de 10 km ao redor da propriedade.
Consumo de carne e ovos segue seguro
Em nota oficial, o Mapa reforça que a gripe aviária não oferece risco ao consumidor. A doença não é transmitida por meio da ingestão de carne de frango ou ovos devidamente inspecionados e processados. “Os produtos de origem avícola seguem seguros para consumo, não sendo necessárias restrições alimentares por parte da população”, informa o órgão.
O risco de contágio humano é considerado muito baixo, restrito a pessoas que têm contato direto e prolongado com aves infectadas, como tratadores ou profissionais da cadeia produtiva.
Medidas de controle já estão em curso
O governo brasileiro ativou o Plano Nacional de Contingência para Influenza Aviária com o objetivo de conter a disseminação do vírus, preservar a segurança alimentar e garantir a estabilidade das exportações. A notificação do caso já foi enviada a entidades internacionais e parceiros comerciais, conforme os protocolos sanitários globais.
Características da doença
De acordo com informações técnicas do Ministério da Agricultura, a Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) pode causar mortes rápidas e em larga escala nas aves, muitas vezes sem sinais prévios. Em outros casos, os sintomas são intensos e envolvem dificuldades respiratórias, comprometimento neurológico, mudanças na coloração da crista e da barbela, além de alterações na produção de ovos – como cascas frágeis ou sem pigmentação.
Durante necropsias, os achados incluem edemas, hemorragias e necrose em órgãos internos e na pele, o que confirma a severidade da infecção.
Casos adicionais em monitoramento
Autoridades estaduais também monitoram a mortalidade de aves no Zoológico de Sapucaia do Sul, que foi fechado temporariamente ao público. O resultado do sequenciamento genético dessas amostras ainda está pendente.
O Serviço Veterinário Oficial do Rio Grande do Sul reafirma que o controle sanitário está sendo conduzido com rigor e que o consumo de produtos avícolas permanece seguro. A orientação, tanto para consumidores quanto para produtores, é manter a vigilância e seguir as recomendações das autoridades sanitárias.
VEJA A NOTA OFICIAL:
OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta quinta-feira (15) a detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em matrizeiro de aves comerciais. A detecção ocorreu no estado do Rio Grande do Sul, no município de Montenegro.
Esse é o primeiro foco de IAAP detectado em sistema de avicultura comercial no Brasil. Desde 2006, ocorre a circulação do vírus, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa.
O Mapa alerta que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos. A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas).
As medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas e visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população.
O Mapa também está realizando a comunicação oficial aos entes das cadeias produtivas envolvidas, à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), aos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, bem como aos parceiros comerciais do Brasil.
O Serviço Veterinário brasileiro vem sendo treinado e equipado para o enfrentamento dessa doença desde a primeira década dos anos 2000.
Ao longo desses anos, para prevenir a entrada dessa doença no sistema de avicultura comercial brasileiro, várias ações vêm sendo adotadas, como o monitoramento de aves silvestres, a vigilância epidemiológica na avicultura comercial e de subsistência, o treinamento constante de técnicos dos serviços veterinários oficiais e privados, ações de educação sanitária e a implementação de atividades de vigilância nos pontos de entrada de animais e seus produtos no Brasil.
Tais medidas foram cruciais e se mostraram efetivas e eficientes para postergar a entrada da enfermidade na avicultura comercial brasileira ao longo desses quase 20 anos.